Cairbar Schutel

Cairbar Schutel nasceu
no Rio de Janeiro a 22 de setembro de 1868. Era filho de Anthero de Souza
Schutel e de D. Rita Tavares Schutel. Frequentou o Colégio D. Pedro II no Rio
de Janeiro, à época capital federal. Profissionalmente, iniciou sua trajetória
como aprendiz de farmácia ainda na adolescência, evoluindo rapidamente para
prático de farmácia. No Rio, trabalhou em diversas farmácias e em razão de
problemas de saúde, aos 17 anos teve de mudar-se da capital.
Veio para o estado de
São Paulo e escolheu como destino final a cidade de Araraquara, onde
empregou-se na Farmácia Moura, propriedade do Sr. João Baptista Raia, logo
destacando-se como ótimo e dedicado funcionário. Teve rápidas passagens por
Piracicaba e Itápolis até estabelecer-se em definitivo na Vila do Senhor Bom
Jesus das Palmeiras, atual município de Matão, em 1895.
Na cidade, exerceu
grande influência política. Em 1895, Matão era apenas um Distrito Policial,
elevando-se a Distrito de Paz em 1897 e Município pertencente à comarca de
Araraquara, em 1898. Cairbar, um dos fundadores da cidade, ocupou o cargo de
Intendente – equivalente a Prefeito nos dias atuais – de 28 de março a 7 de
outubro de 1899 e de 18 de agosto a 15 de outubro de 1900, destacando-se como
homem público interessado nos problemas das pessoas e nas causas primordiais
que servissem de auxílio aos mais necessitados.
Católico romano por
tradição, Cairbar Schutel muito fez pelo brilho dessa religião, com a mesma
sinceridade que caracterizou Saulo de Tarso. Mas como essa religião não
respondia às perguntas íntimas que Cairbar fazia com respeito a seus pais, que
apareciam a ele insistentemente em seus sonhos, procurou outras fontes de
informação fora da Igreja.
Nesse tempo, residiam em
Matão seus amigos Calixto Prado e Quintiliano José Alves, que, convidados por
Cairbar Schutel, fizeram com ele sessões de tiptologia com a trípode (pequena
mesa com três pés). Pôde assim constatar que a vida continuava além do túmulo,
estudou e abraçou o Espiritismo e dele se tornou um dos maiores propagandistas.
Seu trabalho logo
começou a aparecer: fundou em 15 de julho de 1905 o Centro Espírita Amantes da
Pobreza (atual Centro Espírita O Clarim). Logo a seguir, em 15 de agosto
daquele ano, lançou à luz da publicidade o jornal “O Clarim”. Além disso, fazia
propaganda da doutrina por meio de boletins e panfletos e proferia palestras doutrinárias
nas cidades circunvizinhas, inclusive programas radiofônicos na antiga PRD-4 de Araraquara.
Sua atividade não parou.
Assim foi que, em 15 de fevereiro de 1925, fundou a “Revista Internacional do Espiritismo”, dedicada aos estudos dos fenômenos anímicos e espíritas. Este
mensário, que algumas décadas depois seria rebatizado para “Revista Internacional de Espiritismo”, conta com a colaboração de eminentes
mentalidades mundiais, circulando não só entre as suas congêneres.
Seu trabalho, contudo, não se resumiu a essas duas publicações. Apareceram de sua brilhante pena os seguintes livros: “Espiritismo e Protestantismo”, setembro de 1911; “Histeria e Fenômenos Psíquicos”, dezembro de 1911; “O Diabo e a Igreja”, dezembro de 1914; "Interpretação sintética do Apocalipse", 1918; “Médiuns e Mediunidades”, agosto de 1923; “Gênese da Alma”, setembro de 1924; “Materialismo e Espiritismo”, dezembro de 1925; “Fatos Espíritas e as Forças X...”, maio de 1926; “Parábolas e Ensinos de Jesus”; janeiro de 1928; "Cartas a esmo", 1929; “O Espírito do Cristianismo”, fevereiro de 1930; “A Vida no Outro Mundo”, outubro de 1932; “Vida e Atos dos Apóstolos”, fevereiro de 1933; “Conferências Radiofônicas”, setembro de 1937.
De sua autoria, ainda foram organizados os livros "Espiritismo para as crianças", em 1918; "Preces Espíritas", em 1936; "O Batismo", em 1941; e "A Égide da Verdade", em 2022, que reúne na mesma obra os originais "Espiritismo e Protestantismo", "O Diabo e a Igreja" e "Cartas a esmo".
Com seu extenso
trabalho, Cairbar não dava tão somente sua inteligência em proveito do próximo.
Oferecia seu coração, socorrendo os pobres e os enfermos com grande dedicação.
Ficou conhecido como “O Pai dos Pobres de Matão” e “O Apóstolo de Matão” por
seu grande trabalho de caridade. Também é conhecido como “O Bandeirante do
Espiritismo”, por sua motivação e luta constante pela divulgação espírita.
Cairbar Schutel retornou
à pátria espiritual no dia 30 de janeiro de 1938, às 16 horas e 15 minutos. Na
lápide onde seu corpo foi sepultado está gravada a célebre frase: “Vivi, vivo e
viverei, porque sou imortal”, que foi dita mediunicamente por ele próprio
através do médium Urbano de Assis Xavier e direcionada aos companheiros de
Redação d’O Clarim, a fim de que mantivessem o ânimo e a certeza de que ele
estaria sempre presente e trabalhando em prol de um nobre ideal.
Mais detalhes sobre a vida e a obra missionária de Cairbar
Schutel, bem como o trabalho e a história da Casa Editora O Clarim, estão
descritos nos livros “Cairbar Schutel, o Bandeirante do Espiritismo” e “O Som da Nova Era: O Clarim e seus maestros”, disponíveis em nossa loja virtual.