Revista Internacional de Espiritismo (RIE)
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Eduardo Carvalho
Monteiro e Wilson Garcia, na obra “Cairbar Schutel, o Bandeirante do Espiritismo”, afirmam: “Não diríamos ter sido mais um órgão de divulgação
espírita no Brasil, mas a ‘Revista Internacional de Espiritismo’ foi, na
realidade, um capítulo todo da história do Espiritismo.”
A Revista Internacional de Espiritismo (RIE) de fato tornou-se uma das revistas mais respeitadas no
meio espírita, tanto por sua tradição (fundada em 1925), como pela qualidade e
profundidade de seus textos, expandindo o conteúdo religioso para explanações
filosófico-científicas. Sua fundação veio complementar o propósito do jornal O Clarim, já consolidado, mas que se destinava a esclarecer didaticamente
pessoas mais simples.
Para tornar viável o
novo veículo, Schutel contou com a colaboração de Luis Carlos de Oliveira
Borges, de Dourado, interior paulista, que, tornando-se fã do jornal O Clarim, decide visitar Matão, no princípio da década de 1920, para conhecer
suas instalações. Àquela época, Schutel recebia vasto material em outros
idiomas com conteúdo mais elaborado, mas que não poderiam ser publicados no
jornal O Clarim pois divergiam do perfil deste periódico.
Falando sobre esse
material, Schutel revela a Borges que gostaria de encontrar um meio de divulgar
esses artigos, mas não possuía recursos para tal. Borges, então, confiante na
proposta idealista de seu interlocutor, garante-lhe que bancaria os primeiros
recursos necessários à instalação da “Revista Internacional do Espiritismo” –
que algumas décadas mais tarde seria rebatizada para “Revista Internacional de Espiritismo”. E assim, com esforço conjunto, foi possível a primeira edição da
RIE em fevereiro de 1925, impressa em São Carlos.
Com o subtítulo
“Publicação mensal de estudos anímicos e espíritas”, a RIE revelava o seu claro
propósito de exploração dos novos estudos abordados pelo Espiritismo. No
editorial de abertura, Cairbar Schutel justifica a adoção do título e do
subtítulo da revista: “O título e o subtítulo que adotamos para esta publicação
compreendem uma vasta área de trabalhos e conhecimentos que marcam na hora
atual um movimento de acentuado progresso na marcha da humanidade. (...) Por
toda parte do mundo congregam-se esforços para a divulgação da Ideia Espírita.
Associações, federações de associações, congressos nacionais e internacionais,
dão conta dos progressos que o Espiritismo vai realizando.”
Com 32 páginas e bem
ilustrado, o primeiro número trouxe importantes matérias, como um retrato do
poeta francês Victor Hugo e, fazendo jus ao nome do periódico, notícias de
Cuba, Itália, Dinamarca, Suécia, Grã-Bretanha, França, Argentina e Estados
Unidos.
A partir do terceiro
número, a RIE começou a ser impressa na gráfica em Matão e continuou dessa
forma até a edição de janeiro de 2011, quando a impressão foi terceirizada.
Em suas primeiras
edições, a RIE transcrevia artigos traduzidos das línguas francesa, espanhola,
alemã, inglesa e italiana, originariamente publicados em grandes periódicos,
como: “Light”, “La Revue Spirite”, “Vie d’Outre Tombe”, “Hoy”, “The Harbingerof
Light”, “City News”, “Kálpale”, “Luce e Ombra”, “The Two Worlds”, “Luz del
Porvenir”, “La Tribune de Genéve”, “Ghost Stories” e “Psychic Science”.
Tais artigos eram
assinados por grandes escritores e pesquisadores da época, como Sir Oliver
Lodge, Camille Flammarion, Ernesto Bozzano e Sir Arthur Conan Doyle, entre
outros. Muitos deles frequentemente trocavam cartas com Cairbar Schutel.
As traduções eram feitas
pelo próprio Cairbar (especificamente, francês e espanhol), por Ismael Gomes
Braga, Severiano Ivens Ferraz e Watson Campello.
O rótulo que a revista
recebe não é por acaso. Mesmo nos primórdios, quando Cairbar trocava
correspondências com ilustres personagens estrangeiros e traduzia diversas
matérias para publicação, sua vocação internacional já se fazia presente.
Atualmente, a revista circula regularmente (com assinatura) em 26 países, além
do Brasil, deixando de atingir apenas a Ásia. São eles: Estados Unidos da
América, França, Portugal, Suíça, Áustria, México, Holanda, Luxemburgo,
Bélgica, Inglaterra, Canadá, Espanha, Uruguai, Itália, Colômbia, Nigéria,
Venezuela, Cuba, Equador, Argentina, Moçambique, Porto Rico, Angola, Honduras,
Austrália e Bolívia.
Essa internacionalização
é importantíssima para os espíritas que estão fora do Brasil, pois, apesar de a
doutrina ter sido codificada na França, em 1857, é no Brasil que ela realmente
conquistou o maior número de adeptos. Muitos países da Europa, por exemplo, que
pela lógica teriam acesso facilitado aos ensinamentos, ainda desconhecem
completamente o Espiritismo. E, por esse motivo, cabe aos brasileiros, na
maioria dos casos, fundar instituições e propagar a ideia religiosa nesses
países.
Neste contexto, a RIE tem grande importância, pois frequentemente traz notícias de congressos, seminários e palestras internacionais, além de eventualmente divulgar informações sobre novas instituições fundadas e suas respectivas programações.
Primeira edição da RIE